podemos finalmente dizer
"Há sabedoria".
A Ciência está a verter
pelos poros dos astros, alastra-se
quântica.
E quem espirra o pó?
Turbilhão cinzento de matéria inteligente
a escorrer pelos ouvidos.
Cai no vácuo
que não existe
e a luz beija pela primeira vez a manhã.
Saíram ao mundo trinta e três mil
buracos negros
e então
nasce o coração humano a cuspir sangue
para o intelecto. Com golfadas possantes.
E as galáxias ainda a remexerem-se
no intestino grosso.
Ouvem-se estalidos.
As raízes das árvores cochicham segredos
de mil anos. Continuamos no espaço
ulterior.
Um cometa desenha sobrancelhas,
saltamos agora
os oceanos para chegar aos dedos compridos
dos pés. Saímos.
O espirro expande-se, as estrelas são agora
matéria fecal.
A alma põe a cabeça para fora da carapaça,
arfa, arqueia o peito.
Espirra pelo nariz a "ideia".
As árvores caem, chupa as raízes o núcleo de magma.
Os segredos de mil anos em calda
com metal fundente, no interior
da Terra.
A "ideia" respira, começa a ter patas,
tem a capacidade de engravidar com a "acção".
Procriam, há fecundação, o metal pinga nos moldes.
Agora há objectos contundentes para embrutecer o intelecto.
Os buracos negros revelam a sua natureza.
A alma assusta-se
e encolhe a cabeça para dentro
da carapaça.
Os cometas fogem para nos visitarem passados mil anos,
caem sobrancelhas.
Os electrões estão ocupados a serem inteligentes.
Dizem então os neutrinos
"Há sabedoria?"