segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Interação #1

Estava num transporte público qualquer duma capital poluída qualquer. Juntei as minhas mãos em forma de concha-que-serve-para-amplificar-a-voz e amplifiquei um enorme arroto de timbre gutural. Ao olhar de espanto do marroquino que seguia à minha frente apresentei um esgar matreiro, perante o olhar de repugnância da yé-yé girl que se sentava ao meu lado limitei-me a piscar o olho. Levantei-me vagarosamente e, com altiloquência, proferi:
- Sou um pedaço de carne feito de arte. Sou um pedaço de arte feito de carne.