Tarde, 10 de Março de 2011.
O senhor Arlindo, comodamente instalado nuns setenta e picos, com um trépido manto de raros cabelos brancos a adornar-lhe a nuca, indumentária de ex-proletário e um divertido ar sisudo, viajava paralelamente sentado à dona Natália, senhora sua esposa, mulher de menos idade, a ostentar um corpolento ar de quem já muito trabalhou.
Sob o velho tejadilho da carreira 161 e sobre o tabuleiro da 25 de Abril, em pleno Tejo, o senhor Arlindo une carinhosamente a sua mão sapuda à da dona Natália e massaja com delicadeza as suas saliências. Encarando, com ar infantil, a fina linha do horizonte com o sol a iluminar-lhes as rugas da cara e um resto de dias de aposentação lá para os lados da Caparica.