sábado, 20 de agosto de 2011

Kidnapkin


Guardanapo branco imaculado dormindo delicadamente ao lado do prato. Inocente e frágil, ignora o seu trágico destino. Vezes e vezes sem conta usurpado pelos lábios de burgueses gordos, sem escrúpulos. Usado, violado, imundo. Estampado pelos restos de orgias gastronómicas, exibindo os vestígios do crime. Amarrotado pelo gáudio das bocarras sujas, vítima da pândega alheia, jaz na mesa moribundo após o bródio porcalhão de humanos nojentos, como umas cuequinhas de renda esgaçadas. Produto de uma tragédia.